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Seus gastos são tão reais quanto o contentamento do consumo.

As inúmeras propagandas que vemos durante toda a vida criam uma imagem no nosso subconsciente de que a compra de determinado produto vai ocasionar uma felicidade posterior. Essa lógica cria vontades de consumo a partir de um desejo a ser satisfeito, e daí entra-se numa espiral de gastos relacionados à felicidade do comprador. 

Quantos itens verdadeiramente essenciais estão na sua lista de desejos? 

A pandemia tem diminuído o contato social e o sentimento de satisfação ao frequentar outros lugares, por exemplo. Dessa forma, cabe depositar a necessidade de felicidade em coisas que podemos ter, em vez daquilo que podemos fazer. De maneira técnica, a gratificação gerada por adquirir um produto ou serviço cria uma sequência de reações em nosso corpo, o que leva o organismo a liberar dopamina. Esse é um dos neurotransmissores responsáveis pelas emoções e humores. 

No início deste ano, a psicóloga e colunista da Abril, Priscila Conte Vieira, afirma que a dificuldade em passar tempo de qualidade com as pessoas à nossa volta faz com que haja um aumento do consumo, ainda mais considerando o impulso das vendas online. 

Nesse cenário, vale destacar que o comércio online brasileiro cresceu 75% em 2020, de acordo com pesquisa da Mastercard, e boa parte disso como consequência da pandemia e do isolamento social. Os itens mais comprados são dos setores de eletrônicos e hobbies, demonstrando que o aumento não se refere a itens essenciais, e sim àqueles focados em aumentar o bem-estar e produzir entretenimento ao consumidor. 

Comprar oferece uma sensação de concretização do desejo, ou seja, te oferece um objeto palpável para o qual você direciona a felicidade. Porém, esse sentimento não é duradouro, e para tê-lo novamente, é comum que o indivíduo coloque outra meta de compra em seguida. É essa dinâmica que tem potencial para causar dívidas imperceptíveis, principalmente quando envolvem o uso do cartão de crédito. O gasto não parece real (até que a fatura chegue), mas o contentamento do consumo, sim. 

A maneira mais eficaz de contornar a terapia de compras é encontrar outras maneiras de lhe causar satisfação e fazer com que seu organismo produza as mesmas substâncias relacionadas à felicidade. O autoconhecimento é a chave para um cotidiano mais saudável, já que é possível medir o que de fato tem potencial para te causar contentamento. 

Passar menos tempo em sites de compras online também é um meio de evitar que o consumo seja fonte de felicidade. O desejo é comum, mas é um risco quando ele é visto como uma necessidade.

O que você realmente precisa para ser feliz? 

É claro que dinheiro é uma maneira de tornar possível algumas metas de consumo e felicidades, mas não é essencial para isso. Entender é uma maneira de prevenir gastos e ter uma maior organização financeira.

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